Curiosa, medalhista da OBMEP tem o espírito da matemática

 

Karol Valesan, de Marques de Souza (RS), foi ouro na edição de 2019


O interesse da estudante Karol Cristina Valesan, de 14 anos, pela matemática começou ainda cedo. Aos cinco anos, quando acompanhava a mãe durante algumas aulas do curso de licenciatura em ciências exatas na Universidade do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, olhava para o quadro-negro repleto de figuras e equações e não parava de se perguntar: “o que aquilo quer dizer?”

 

Curiosidade que a levou longe. Em 2019, a gaúcha se tornou a primeira aluna da Escola Municipal Monsenhor Seger, em Travesseiros (RS), a conquistar uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Feito que também contribuiu para que ela levasse o Prêmio Jovem Talento Científico Gaúcho, concedido pelo Estado do Rio Grande do Sul.

 

A notícia pegou a estudante do 8º ano de surpresa. Era a segunda vez que participava da competição, na qual havia conquistado um bronze, em 2018. “Minha mãe me ligou para avisar e eu não acreditei, achei que fosse um trote. Esperava conseguir uma menção honrosa ou um bronze, mas não um ouro. Fiquei muito feliz!”

 

O resultado também impressionou a família da adolescente. “Ficamos muito empolgados e felizes com a conquista dela. Eu sei que o nível dos exercícios não é fácil. São atividades diferenciadas. Não dependem de um simples cálculo, mas de todo um raciocínio. Foi uma surpresa que ela tenha conquistado esta medalha tão rápido”, comenta Katia, mãe de Karol.

 

Moradora de Marques de Souza, cidade de 4 mil habitantes do interior do Rio Grande do Sul, Karol conta que as oportunidades que surgiram com o bom desempenho na olimpíada expandiram seus horizontes. Desde 2019 ela participa das aulas do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), onde pode desvendar ainda mais conteúdos matemáticos e matar parte da curiosidade insaciável que nutre pela disciplina. 

 

 




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Como ainda não havia polo do programa na região onde mora, a estudante optou por assistir, a distância, as aulas da turma da Universidade Federal de Viçosa (UFV). “Achei os três primeiros meses de curso bem difíceis. O conteúdo das provas não eram coisas que eu aprendia na escola. Mas a professora sempre me deu total apoio, e hoje já tenho mais facilidade.”

 

A estudante dedica as tardes a ajudar os pais no atendimento da loja de temperos da família. Tarefa que não tem quase nada de matemática, “com exceção dos cálculos de troco de clientes”, conta. É nas noites das segundas, quartas e sextas-feiras que ela mergulha à vontade nas aulas e tarefas do PIC Jr.

 

Janaíne Martins, professora do programa no polo da UFV que acompanha Karol há quase dois anos, destaca a naturalidade que a estudante tem com o universo dos números. “É uma aluna excepcional, muito interessada em tudo. Tem o espírito da matemática dentro dela, que é um espírito questionador. Falo para a Karol que ela tem um futuro brilhante pela frente, e deve investir e buscar isso.”

 

As palavras de incentivo da professora, que costuma dizer que seus alunos podem “conquistar o mundo”, já ressoam nos objetivos da medalhista. Para o futuro, ela almeja integrar a equipe brasileira na Olimpíada Europeia Feminina de Matemática (EGMO, na sigla em inglês) e cursar o Ensino Médio em um colégio militar ou federal. 

 

Apesar de ainda não saber qual curso quer estudar na graduação, uma coisa é certa: extrapolar as fronteiras do município de Marques de Souza. “Desde pequeninha eu sempre quis morar em um outro país. Conhecer outra cultura e outro jeito de viver é meu maior sonho, não importa onde seja”, conta, entusiasmada.

 

Mesmo com o coração apertado, a família já está na torcida. “O meu desejo é que ela consiga ir cada vez mais adiante. No que depender de mim vou estar sempre incentivando ela. O pai fica mais receoso quando ela insiste que vai conhecer o mundo, viajar. Mas por outro lado damos total incentivo”, conta Katia.