‘OBMEP criou uma sensação de liberdade’, diz medalhista

 

Gêmeos Andrei e Daniel Malikovski colecionam medalhas na competição


Para a família Malikovski, as conquistas acadêmicas são resultados de uma dedicação conjunta no aprendizado. Os gêmeos Andrei e Daniel Malikovski, desde pequenos acostumados a dividir os pais, brinquedos e a turma na escola, passaram a somar horas de estudo para garantir vitórias. Nascidos em Estação (RS), cidade com cerca de 6 mil habitantes, eles conquistaram, juntos, quatro medalhas e duas menções honrosas na OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas). Este ano, foram convidados a participar do 7º Encontro do Hotel de Hilbert, que reuniu quase 200 alunos de todo o país em Florianópolis (SC) para um mergulho na matemática.

Os gêmeos foram incentivados desde pequenos pelos pais, Alderi José de Almeida e Maria Elaine Malikovski de Almeida, a trilharem um caminho de estudos e dedicação.  Os dois contam que a brincadeira preferida de ambos era a leitura, além de jogos de carta e futebol. “Nossos pais colocaram a gente em vários cursinhos gratuitos. Sempre estivemos muito ocupados com atividades e nos esforçando para atingir resultados melhores”, relembrou Andrei. “Fizemos karatê, futsal, participamos da Orquestra do colégio e sempre ganhamos muitos livros deles”, completou Daniel.

Os irmãos sempre estudaram na mesma turma e compartilharam dicas de estudo. “A gente se encontrava para tirar as dúvidas quando um dos dois tinha dificuldade”, afirmou Andrei. Apesar de não terem tido nenhuma inclinação para a matemática na infância, o despertar que a OBMEP proporcionou fez ambos se apaixonarem pela disciplina. “O que mais gosto na matemática é o quanto se pode desenvolver com pouco conteúdo. Como tudo na matemática está interligado, tendo o conhecimento de poucas fórmulas, a gente consegue desenvolver questões completamente diferentes”, disse Daniel.

História com a OBMEP

Andrei foi o primeiro a demonstrar interesse pela olimpíada, da qual participou pela primeira vez, junto com o irmão, quando cursavam o 7º ano do Ensino Fundamental. “Mesmo antes de participar, lembro que já conhecia o símbolo da OBMEP e achava aquilo muito interessante. Assim que chegou a minha vez de fazer a prova, me preparei estudando o conteúdo de matemática das olimpíadas anteriores. Foi esse estudo que trouxe a medalha de prata!”, relembra Andrei. 

A estreia dos gêmeos na competição também rendeu a Daniel uma menção honrosa. O conteúdo da prova chamou atenção de Andrei. “No início, achei difícil, mas não no sentido conteudista e sim do raciocínio lógico. A olimpíada não vai exigir que você decore um monte de coisa, é diferente da escola. Isso foi interessante, porque, principalmente na segunda fase, pude colocar minhas ideias à prova e explicar meu raciocínio. A olimpíada criou uma sensação de liberdade”, complementou.




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Como nenhum dos dois acreditava na possibilidade de conseguir uma premiação, os gêmeos só foram checar o resultado três dias depois da divulgação, e ficaram surpresos com o que encontraram. Daniel lembra que a vitória conjunta foi essencial para sua trajetória. “Lembro muito bem que, quando eu vi ele (Andrei) recebendo a medalha na cerimônia de entrega regional, aquilo me motivou a estudar! Foi o que me orientou a seguir um caminho que antes eu nunca tinha pensado para mim”, contou.

O feito, inédito na Escola Estadual de Ensino Fundamental Emílio Tagliari, onde a dupla estudava à época, foi comemorado por professores e alunos da instituição, que parabenizaram o primeiro medalhista da instituição. “Foi algo 100% novo! Na nossa escola, eles faziam uma premiação interna para alunos que conseguiam passar da primeira fase. Então, quando recebi uma medalha de verdade na OBMEP, foi algo surpreendente! Chegaram a falar o meu nome e me dar os parabéns na rádio da escola”, disse Andrei.

De Estação para Passo Fundo

Depois desta primeira experiência com a OBMEP, Andrei foi convidado a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). Já Daniel conquistou uma vaga sobressalente, por sua menção honrosa. O esforço de acordar cedo todos os sábados e se deslocar 40 km até Erechim (RS), para estudar matemática no PIC, foi encarado com leveza. “A professora que nos deu aula era excepcional se comparada com as aulas que tínhamos na escola, então foi uma experiência incrível. Nesta época, eu fiz todas as provas dos anos anteriores e resumi todos os livros de matemática do 6º ao 8º ano! Depois dessa trabalheira, veio o resultado: uma medalha de ouro”, conta Daniel.

Os dois foram premiados com medalhas de ouro na 15ª OBMEP, segunda participação da dupla na competição. Já na 16ª OBMEP, Daniel conquistou um bronze e Andrei levou para casa uma menção honrosa. Participaram do PIC por três anos seguidos e, hoje, estão no Programa Mentores, onde têm aulas de nível universitário sobre Geometria Analítica e Álgebra Linear. O desempenho de ambos no programa os levou a serem selecionados para o 7º Encontro do Hotel de Hilbert.

Para cursar o Ensino Médio no Colégio Tiradentes da Brigada Militar de Passo Fundo, onde atualmente fazem o 2º ano, os dois precisaram mudar de cidade e ficar longe dos pais. “Esse ano vamos participar de novo da OBMEP, mas quase não sobra tempo para estudar. Aqui a rotina é bem cheia! A escola é de turno integral e foi um salto enorme, principalmente porque viemos de um ano de pandemia. Além disso, estamos em Passo Fundo, que tem cerca de 200 mil habitantes e é bem diferente da nossa cidade”, comentou Andrei.

Para o futuro, ambos desejam seguir carreiras que incluam muitos números. Enquanto Daniel planeja fazer licenciatura ou bacharelado em matemática, o irmão Andrei prefere alguma faculdade na área de engenharia. “O que mais gosto é resolver problemas! Ver um problema, buscar um conteúdo que você já conhece e aplicar para encontrar uma resposta é incrível. Dá a sensação de que tudo que você se esforçou valeu a pena”, disse Andrei.