Samyra França, de 16 anos, viajou mais de dois mil quilômetros e encarou um avião pela primeira vez para participar do 8º Encontro de Hotel de Hilbert, em Natal (RN), na última semana de julho. A jovem é de Tanque Novo (BA), município da região da Chapada Diamantina, com pouco mais de 17,1 mil habitantes. Na ida à Natal, ela também teve a oportunidade de conhecer Salvador, capital do seu estado, que fica a 766 quilômetros da sua casa.
“Estreei tudo! Foi minha primeira vez em Salvador, minha primeira vez andando de avião e no Hotel de Hilbert! Como nunca tinha andado de avião, não sabia como seria e fiquei até um pouco assustada, mas no fim deu tudo certo. Foi muito legal e pude tirar fotos lá de cima”, contou animada.
Filha dos agricultores Aparecida de Fátima Oliveira e Neuzemilton Silva, Samyra conta que seus pais sempre a incentivaram a estudar. “Eles são minha maior motivação para fazer a OBMEP”.
Com o incentivo da família, a estudante foi prata na 16ª e 17ª OBMEP e bronze na 15ª edição. Como ela ressalta, a olimpíada já proporcionou grandes oportunidades em sua vida. Além das honrarias, ela pôde fazer parte do PIC (Programa de Iniciação Científica) duas vezes. Na época, além de aprender conceitos novos da matemática, Samyra utilizou os valores da bolsa concedida pelo programa para investir na própria educação.
“Com o dinheiro da bolsa, pude investir em mim. Paguei alguns cursos na internet e o meu curso de inglês também.”
A jovem conta que a história com a OBMEP começou, por acaso, no 6º ano. Ela relembra que os professores avisaram sobre a prova de forma bem resumida. Eles informaram apenas que os alunos classificados na primeira fase, seriam chamados para uma nova prova. Entre os nomes aprovados para a segunda fase da OBMEP, estava o dela. Foi aí que a relação com a olimpíada ficou mais próxima.
“Eu não tinha muita noção que existia a OBMEP na época que conheci. De qualquer forma, eu decidi fazer a 1ª fase com o pensamento que seria uma prova muito importante. Depois que passei, ainda no 6º ano, fui pesquisar, entender o que era e descobri sobre o PIC e as bolsas que a OBMEP oferece.”
Apesar da classificação, a primeira medalha veio um ano depois: um bronze, em 2019. Já as medalhas de prata foram conquistadas em 2021 e 2022.
A mãe da estudante diz que é um privilégio ter a filha entre os medalhistas da OBMEP. “Ficamos surpresos quando ela ganhou a medalha, mas sabemos o esforço dela como estudante. Sempre foi dedicada e estudiosa. Passar para a segunda fase da olimpíada já é uma vitória, imagina ser medalhista”, afirmou Fátima.
Primeira vez no Hotel de Hilbert
Além da oportunidade de conhecer o novo estado, Samyra participou pela primeira vez do Hotel de Hilbert. Ela conta que ficou surpresa ao saber que havia sido selecionada para o encontro, que reuniu neste ano os 160 estudantes de todo o Brasil com melhor desempenho no PIC.
“Já tinha ouvido falar, mas não pensei que algum dia participaria. Contei logo para meus pais e fomos procurar todas as informações e tudo que seria preciso para garantir minha participação.”
A medalhista definiu o encontro como uma “experiência única”. Durante a imersão no mundo da matemática, ela contou que pôde desenvolver o raciocínio, pôr em prática os aprendizados das aulas do PIC e também trocar experiências com os colegas que gostam de matemática como ela.
Atualmente, a estudante, que cursa o 2º ano do Ensino Médio, participa do programa Mentores, voltado para estudantes do PIC, com cursos realizados por professores universitários. Alunos bolsistas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) premiados na OBMEP e que já tenham participado do PIC mais de duas vezes, sendo pelo menos uma vez no nível 3, participam do programa.
Para o futuro, a jovem sonha em fazer Medicina e já pensa até mesmo na especialização: neurocirurgia. “Tudo depende, preciso ver como vai ser na faculdade. Por enquanto, sei que quero me especializar na área neurológica”.