Filho de uma faxineira e de um caminhoneiro, Pedro Henrique de Paula Freitas, de 18 anos, morador de Ubá (MG), conta que a OBMEP foi a responsável por “apresentá-lo” à universidade. Premiado com três medalhas na olimpíada, uma de prata e duas de bronze e com duas menções honrosas, o estudante teve acesso ao PIC (Programa de Iniciação Científica) que o ajudou a aprofundar os estudos e a sonhar com o ensino superior.
“A maior parte da minha família não teve oportunidade de fazer faculdade. Meus pais, por exemplo, possuem o Ensino Fundamental incompleto. Nunca tive pessoas próximas a mim para conversar sobre como é fazer um curso superior. Ao participar da OBMEP e do PIC, passei a ter mais interesse e gosto pelos estudos. Além disso, a primeira vez que fui em uma universidade foi no encontro Regional do PIC [que ocorreu neste ano, em setembro, na Universidade Federal de Ouro Preto], onde fiquei ainda mais interessado em prosseguir nos estudos e inspirar outras pessoas da minha família a fazerem o mesmo.”
Pedro foi aluno do PIC por quatro anos e atualmente faz parte do projeto Mentores que conta com cursos realizados por professores universitários. Alunos bolsistas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) premiados na OBMEP e que já tenham participado do PIC mais de duas vezes, sendo pelo menos uma vez no nível 3, participam do programa.
Além de descobrir novas formas de aprender matemática, as aulas abriram portas para o estudante. Pedro foi um dos selecionados para o 8º Encontro de Hotel de Hilbert, que aconteceu em Natal (RN), em julho deste ano. A experiência foi descrita como “maravilhosa”.
“Poder interagir com o pessoal de outras regiões do Brasil é muito interessante. Acredito que uma das melhores partes é essa interação com diferentes pessoas porque conhecemos novas culturas e realidades totalmente diferentes da nossa.”
Assim como demais alunos do PIC, Pedro recebe uma bolsa de R$ 300 por integrar o programa. O valor o ajuda a investir nos estudos. Com o dinheiro ele pôde comprar material escolar e livros tanto de matemática como de outras disciplinas.
Dalva Helena de Paula e João Carlos de Freitas, pais do estudante, tiveram um papel importante no desempenho do filho: Eles sempre incentivaram os estudos. “O Pedro é o nosso orgulho, é uma alegria imensa ter um filho esforçado como ele. Nem eu, nem o pai dele tivemos oportunidades, mas ele está caminhando para ter um futuro brilhante na faculdade”, reforça Dalva.
Ela conta ainda que morou por 19 anos em Campinas (SP), mas para proporcionar condições melhores de estudos para os filhos, Pedro e seu irmão Gabriel, ela e o pai dos meninos optaram por se mudar para Ubá, em Minas Gerais, em 2011.
João destaca que a OBMEP foi um dos maiores incentivos que o filho recebeu. “Ele tem se destacado, é muito esforçado, gosta de estudar. Foi medalhista e é muito gratificante ver todo esse esforço. Sempre pedimos que os caminhos dele tenham muito sucesso.”
Amante da matemática desde cedo, Pedro ressalta que a disciplina pode ser muito mais interessante do que as pessoas acreditam. “A matemática não é necessariamente chata, no primeiro momento pode até ser difícil, mas é porque as pessoas não entendem. E a OBMEP é uma grande oportunidade para entendermos. As provas da olimpíada despertam nosso raciocínio lógico.”