De medalhista à professora do PIC: Deise Lava dá aulas no RJ

 

Graduada em matemática também foi aluna do PICME


Deise Lava, hoje professora da escola municipal Roberto Simonsen, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, tinha 16 anos quando foi realizada a primeira edição da OBMEP, em 2005. Cursando o primeiro ano do Ensino Médio, a então estudante não participou da competição científica, que anos mais tarde transformaria sua vida. 

No ano seguinte, uma nova oportunidade chegou a ser desperdiçada. Foi somente em 2007, no terceiro ano do Ensino Médio, que ela, finalmente, realizou a prova.

“Participei sem saber direito o que era. Fiz a prova precisando terminar em um determinado horário para conseguir pegar um ônibus e voltar para casa. Ganhei um bronze. Foi minha primeira e única OBMEP e mesmo assim ela me ofereceu grandes oportunidades”, recordou Deise. 

Aprovada em matemática na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),  a professora conta que durante as férias de janeiro, a premiação rendeu a ela três encontros com medalhistas.

“Foram minhas primeiras viagens. Em uma delas tive uma palestra com a minha futura professora de cálculo 1 na faculdade. Participei também de uma semana de matemática e ainda fui receber a medalha em Curitiba”, lembrou.

Na faculdade, a relação de Deise com a OBMEP se estreitou. Um professor, que também dava aulas no PIC, foi o responsável por encaminhá-la para o PICME (Programa de Iniciação Científica e Mestrado). “Com essa bolsa me mantive até o final da graduação. Depois, também consegui bolsa PICME para o mestrado em matemática na UFRJ, por isso me mudei do Paraná para o Rio de Janeiro”. 

Na capital fluminense, a professora deu aulas no Colégio Pedro II e, posteriormente, foi aprovada no concurso público da rede municipal de ensino. Em 2017, ela ingressou no programa “OBMEP na Escola”. Hoje, Deise é uma das professoras do programa que transformou a sua vida - o PIC.




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“Trabalho numa escola em Bangu [bairro da zona oeste do Rio], onde a maioria dos alunos nunca saiu da cidade, muitos nunca foram para a zona sul e não conhecem outras realidades. Gosto de contar minha história, principalmente, sobre as bolsas porque sei que faz uma diferença enorme na vida deles. Hoje, tenho quatro alunos bolsistas no PIC, mas a escola cadastrou cerca de 20 alunos como ouvintes e essa iniciativa despertou a vontade de outros alunos participarem. Eles sabem que têm oportunidade de serem premiados até o final do Ensino Médio.” 

A professora, que sonha com uma premiação nacional para os alunos, viu no ano passado o estudante Sandro Sampaio conquistar um bronze estadual e uma menção honrosa. 

“Acompanho meus alunos nas provas da OBMEP e levo eles para a segunda fase. Já conseguimos várias menções honrosas, mas essa medalha de bronze regional na 18ª edição é a primeira de um aluno meu e eu estou muito orgulhosa.”

Sandro é estudante do 1º ano do Ensino Médio. Ele começou a acompanhar as aulas do PIC como ouvinte, após a irmã dele integrar o programa. O aluno destaca que o PIC foi fundamental para melhorar sua forma de pensar matemática. 

“A aula melhorou bastante a minha linha de raciocínio. Antes, pensava de uma forma muito travada e sempre que eu não tinha uma resposta de primeira já pensava em desistir. Talvez seja por isso que quando passei pela primeira vez para a segunda fase da OBMEP, eu não consegui nem menção honrosa. Porém, depois que fiz o curso, passei novamente para a segunda fase e dessa vez consegui uma menção e também uma medalha. Essa conquista me empolgou bastante e agora eu estudo cada vez mais.”

Para 2024, aluno e professora seguirão em busca de mais uma conquista: a medalha nacional.  

“Meu sonho é que eles sigam para faculdades públicas e escolham uma profissão. É a melhor retribuição para um professor”, concluiu Deise